Recordo os meses de Julho e Agosto em que passava muito tempo no café de uma tia minha (Café Alcatraz), na Ribeira, ainda no tempo em que o pescado ali era descarregado. Eram meses cheios de magia com a chegada dos divertimentos para as festas em honra de Nª SRª da Boa Viagem (Festas da Cidade). O brilho de felicidade era bem visível nos nossos olhos assim que chegava um Carrossel ou pista de carrinhos. Os dias da festa eram uma alegria, sempre achei a Procissão no Mar um acontecimento muito bonito, ficava fascinado ao ver todos os barcos iluminados e sempre gostei muito dos fogos de artifício. Sentia e ainda hoje sinto orgulho quando oiço elogios a esta magnífica e comovente manifestação de fé, cheia de luz e cor. Entre um gelado e um chocolate lá íamos para o Campo da República.
- Em que carrossel vamos? – Questionava…
- Vamos na bacia - Respondia a minha prima Edite.
- Não! Vamos antes nos carrinhos de choque! – Retorquia o meu primo Paulo.
- Eu prefiro os aviões! – Dizia eu, ao que respondíamos:
- Vamos em todos!
Estes festejos marcaram praticamente todas as crianças da minha época. Foram momentos únicos passados naquele “Campo da República”, local onde se constituía o arraial destas festividades, local onde este ano volta a acontecer.
O sabor único das farturas ainda hoje me transporta aos tempos de outrora. Lembro-me de entrar na barraca dos espelhos e de rir desalmadamente com as diferentes formas que o meu corpo tomava naqueles espelhos. Recordo também o nervosismo que sentia ao assistir às sessões do “Poço da Morte” e de ser fotografado em cima de um Burro, numa daquelas barracas onde se tiravam fotografias. Outros tempos, outras vivências e outras formas, quiçá mais puras, de se ser feliz!
- Olha a bruxa que lê a sina! Vamos lá? Interrogava a minha prima Lurdes.
- Boa! Quero ver se acerta!
Sempre tivera uma curiosidade enorme em relação ao futuro e dessa vez vi o meu desejo satisfeito.
Que saudades que eu e todos da minha geração têm, destes tempos e desta festa.
Este ano regressa, (O Arraial) a este mesmo local. Recupera-se assim, muito da tradição perdida em anos anteriores.
Hoje esta festa continua a ser o maior cartaz turístico e acontecimento de fé em Peniche.
A sua beleza mantém-se porque o centro da celebração mantém-se inalterado. Este ano, a meu ver, marca muito positivamente estas grandes festividades que recuperam a sua grande dignidade.
Louvemos sempre Maria e que essa intenção se mantenha.
Este conto foi elaborado com partes integrantes do extenso trabalho “Lembranças” que irá ser apresentado em breve no Blogue “Peniche Livre”
Paulo Gonçalves.
História maravilhosa.
ResponderEliminarLindo conto.
ResponderEliminarAdorei.
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