“Mágica Maresia”
Estava um
belo dia de Sol. O chilrear dos pássaros denotava a estação que se vivia. O
aroma do campo chegava a si em forma de desafio. Podia vislumbrar pelas
cortinas o doce balancear das folhas do vasto arvoredo que era imensidão. O
vermelho e branco do prado deixava antever uma diversidade de flores
campestres. A casa de montanha confundia-se e embrenhava-se na esplêndida
paisagem.
Levantou-se e dirigiu-se para a cozinha para tomar
a sua primeira refeição.
- Vou mesmo
trazer aquele peixe enorme. Vai ser hoje!
Joaquim
resolveu aproveitar o dia ao máximo, fazendo o que mais gostava, pescar.
Entre
assobios e pequenos cânticos, lá foi todo satisfeito para o lago. O seu
entusiasmo era regado de perfumes, cor e raios de sol.
Ao chegar deparou-se
com um seu vizinho, Mário, com o qual nunca simpatizou, e que chegou um pouco
antes de si.
- Bom dia!
Disse o seu vizinho.
- Bom dia!
Respondeu de forma rude.
- Hoje vou
pescar um daqueles…
- Acho que
eu é que vou! Retorquiu o Joaquim, reforçando a sua antipatia para com o seu
colega.
A pescaria
assim começou e a espera foi longa. O Joaquim congratulava-se pelo facto de as
águas límpidas do rio não ofertarem nada ao seu vizinho.
- Eh! Eh!
Não hás-de conseguir nada! Ou não me chame Joaquim!
Por fim a
cana deu sinal e o Joaquim já gritava de felicidade.
- É agora! É
agora!
Mas qual não
foi o seu espanto, quando olhou para o seu lado esquerdo, verificou que se
passava o mesmo com o seu vizinho.
- Não
acredito!
Ficou ainda
mais desiludido ao verificar que as suas sedas se tinham juntado e que o peixe
vinha agarrado às duas.
-Desculpe
mas o peixe é meu! Disse o Joaquim.
- Olhe que
não! O peixe também me pertence, está agarrado à minha cana!
- Não me
provoque! Eu cheguei primeiro!
- Não me
provoque você! Dividimos o peixe a meio! Retorquiu Mário.
- Nem
pensar! Dê-mo!
E dizendo
isto deu um forte puxão na cana que originou a queda do peixe na água do rio.
Os dois
ficaram revoltados.
-Veja o que
fez! A culpa é sua! Seu… Disse o Joaquim.
-Não! Não
tive culpa nenhuma! E dizendo isto resolve ficar calado, continuando,
pensativo, a pescaria.
Passados
alguns minutos o Mário pesca um peixe enorme que se apressa em retirar da seda.
O Joaquim
pensava: “Não é justo. Queria pescar e por causa deste sujeito fiquei sem o
peixe e agora ele apanhou um! Deve estar todo feliz da vida a gozar comigo. Que
ódio!”
Entretanto o
Mário aproximou-se com o peixe na mão e disse:
- Olhe, eu
nem sequer gosto muito de peixe, por isso ofereço-lhe.
O Joaquim
olhou-o estupefacto.
- Mas porque
faz isso? Eu vou pescar um com toda a certeza!
- Aceite por
favor. Não me trás felicidade levar este peixe para casa, sabendo que o meu
vizinho o queria para si. Ainda por cima só o pesquei por desporto. Tome! Disse
entregando-lhe o peixe.
O Joaquim
olhou estupefacto para o seu vizinho. A ganância e o egoísmo são inimigos da
convivência. A partilha mostra o quanto é bom dar e conviver com o nosso
semelhante.
Dando se
recebe e quem recebe tem sempre algo para dar.
Paulo Gonçalves
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