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domingo, 27 de novembro de 2011

POBRE CRIANÇA TRISTE


                                                                                                                      “Mágica Maresia”

“Conto de Natal”    

Criança triste
Aconchego que não encontrou.
Ternura perdida nas esquinas.
Na vida que não concretizou!

Não há nada mais triste que o sorriso de uma criança triste.
Seus olhos vincados de medo cruzavam os outros que naquele parque de supermercado caminhavam felizes e cheios de vida. Uma criança carregava, com ar esfuziante, um brinquedo, um comboio que sua mãe acabara de lhe oferecer. 
E, na rua pedindo esmola...
- Uma moedinha. Por favor! Preciso de comer uma sopinha.
O vento não acalma os sonhos destruídos desde cedo. Vivia com a resignação construída na alma. A tristeza era a sua única companheira. A frieza e desprezo das pessoas era uma constante e algo a que já se habituara.
No rosto, as duras lágrimas que teimosamente rolavam porque a alegria insistia em não vir.
Olhava constantemente para os outros, imaginava que tinha tudo, Amor! Lar! Pais!
O pão que hoje comeu teve que furtar de um menino qualquer, naquele canto amargo da vida.
Uma senhora aproximou-se;
- Menino. Estás sempre por aqui, não tens família?
- Não senhora! Não tenho nada!
- Nada? Onde moras?
- Debaixo de umas escadas?
- A tua família? Onde está?
- Morreram todos no seu egoísmo! Nem sei quem são! Deixaram-me numa instituição! Não sei porque razão! Talvez fosse empecilho!
Sem perceber porquê, a senhora desatou a chorar!
- Porque chora?
- Porque não sei se me podes perdoar mas…
- Mas?
- Tudo farei para que isso aconteça! A vida obriga-nos a errar! Muito embora eu não tenha perdão. Entre o errar, recuar e refazer vai um enorme esticão. Havemos de conversar, mais tarde. Queres deixar a rua e viver numa casa com tudo?
- Com brinquedos? Não! Não!
- Não queres?
- Quero uma casa feliz e com amor…! E também com brinquedos!
A senhora deu uma gargalhada.
- Assim será. Vem comigo!
E lá foram os dois, de mãos dadas, unidos.
Os clientes daquele supermercado não deixaram de notar a diferença naquele canto. Faltava o olhar daquele menino triste. Talvez sentissem saudade. Talvez se sentissem menos incomodados, talvez menos obrigados na sua consciência ou quiçá, talvez mais aliviados por não se incomodarem com aquela esmola habitual. Talvez…


Amor de Maria.
Amor de Jesus.
O olhar desta criança
A vós me conduz!

Paulo Gonçalves

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