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domingo, 10 de janeiro de 2010

MÁGICA MARESIA

O Velho Moinho

O velho moinho que moía o pão que a avó amassava, cozia e, mais tarde, eu comia, foi um dos encantos da minha meninice. Era um caminho estreito, empoeirado e de canteiros de alfazema ladeado que dava entrada ao moinho de parede branquinha com porta pequena e a janela estreitinha.
Certo dia, em frente a ele, eu pensava! Coitadinho, com todo aquele peso das velas em cima do pequeno corpo de moinho... Imaginava as dores que ele passava.
Sempre que precisava, esperava a vinda do vento para iniciar o seu labor. Se este não vinha, ele chamava-o!
- Amigo vento vem ajudar-me!
-Tenho os ossos a doer e não posso as velas girar!
-E os meninos, vão ficar sem comer?
E o moinho chorava! Chorava...
Tanto que o vento chamou, que a chuva ouviu!
-Então moinho? O amigo vento não vem? Já o chamas há muito tempo!
-Vai-te embora chuva, não tens postura, e afugentas o vento!
A chuva começou a chorar com muita força! E retorquiu:
- Eu também sou tua amiga! E até que o vento não surja, rego a alfazema que te perfuma! E lavo-te as
velas que o vento suja!
O velho moinho reflectiu. E pediu desculpa à chuva pelo seu egoísmo.
-Sabes chuva, tudo se quer no seu tempo. Os meninos precisam do pão. E eu preciso de vento!
Por fim, o vento chegou e o seu amigo ajudou.
Hoje o meu moinho está parado. De tanto moer morreu cansado.
O moinho que hoje mói meu pão, não sente amor, nem chama o vento. É uma máquina morta de sentimento. A chuva e o vento entristecidos choram pelo meu moinho de saudade.
Raízes M/Peniche

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